Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

Voto Feminino E O Desempate Da Deusa

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho, aborda a conquista do direito feminino ao voto, em 24/02/1932 e a mitologia grega-romana da criação do primeiro tribunal e a origem do Voto de Minerva. Publicado resumido no Jornal O SERRANO, Nº 6343, de 24/02/2023

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Voto Feminino E O Desempate Da Deusa
Voto Feminino E O Desempate Da Deusa - Ilustração: Henrique Vieira Filho

Dia 24 de fevereiro é a data comemorativa da conquista das mulheres por seu direito ao voto. 

O Decreto de 1932 liberou como facultativo e, ainda assim, com restrições: somente casadas (e com permissão do marido!) ou viúvas (se tivessem sustento próprio).

Ou seja, foi uma luta contínua até 1965, quando ficou no mesmo patamar dos homens: ao invés de um direito, tornou-se mais um dever, pois votar é obrigatório.

A controvérsia vem de longas eras e o artigo de hoje aborda a Grécia antiga, onde, na vida real, não existia o sufrágio feminino, porém, na mitologia, uma divindade feminina é que tinha a decisão final: o voto de Minerva!

A deusa, que para os romanos se chamava Atena, já nasce adulta e sábia (Zeus a pariu de dentro de sua própria cabeça!) e se tornou personagem importante na tragédia escrita pelo dramaturgo Ésquilo, que nos conta que os crimes eram vingados pelos familiares, gerando novas vítimas, que igualmente partiam para vendetas e assim por diante, num círculo vicioso e sem fim. 

Parajá - Deusa Indígena da Justiça - Arte: Henrique Vieira Filho
Parajá - Deusa Indígena da Justiça - Arte: Henrique Vieira Filho

Para vencer a Guerra de Tróia, Agamenon sacrificou sua filha aos deuses e, em represália, sua esposa, auxiliada por seu amante, o matou, despertando a ira de seu filho, Orestes, que assassinou os dois. 

Justiçar crimes de matricídio era uma das atribuições das três irmãs Fúrias: Raiva, Ciúme e Vingança.

As Fúrias - Ilustração de Henrique Vieira Filho
As Fúrias - Ilustração de Henrique Vieira Filho

Para escapar, Orestes acionou seus contatos privilegiados e o deus Apolo “mexeu seus pauzinhos” e conseguiu com que a sábia Atena criasse o primeiro tribunal da história, tendo como advogados de acusação as Fúrias e Apolo como defensor. Empatados os argumentos, coube à deusa o voto decisivo, a favor do réu.

Assim nasceu o poder judiciário, que até nossos dias ainda precisa do Voto de Minerva / Atena, tendo esta mitologia como símbolo de que os casos devem ser decididos pela sabedoria.

Mas, cá entre nós: Atena já tinha escolhido seu lado, desde as batalhas em Tróia, onde já prestava favores especiais e informações privilegiadas para seu herói Aquiles.

E, outro caso ainda pior: faltou sororidade a Atena para com a linda mortal Medusa, que foi estuprada por Poseidon (deus dos mares) dentro do templo da deusa, que se vingou contra a mulher, condenando-a a ser um monstro que transforma a todos em pedra.

Henrique Vieira Filho e sua obra “Medusa”

Henrique Vieira Filho e sua obra “Medusa”

Ou seja, a deusa da sabedoria, primeira juíza da história, culpou a vítima! E, às vezes, isso ainda acontece, infelizmente…

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