Colunas

Uma simples carona

Compartilhe:
Uma simples carona
Paisagem de Inverno, Wassily Kandinsky (1909)

O mundo está mesmo muito maluco, não é mesmo? Hoje pela manhã estava indo ao centro esportivo da Prefeitura, e vendo uma moça com roupa de ginástica, achei que ela poderia estar indo também para a academia, diminui a velocidade e perguntei se ela ia para lá. Eu iria oferecer uma carona, afinal, aquela subida até a academia é brava. Ela me respondeu: “Não sei!”. Fui embora pensando que o mundo está mesmo louco, até quando se quer apenas praticar uma boa ação, acontecem coisas estranhas.

Nas minhas andanças pelo interior desde minha infância, aprendi a ajudar os outros com um transporte, pois, antigamente, não havia tantos ônibus ou transportes. Na fazenda, o cocheiro levava todos de carroça para uma fazenda vizinha onde ficava a escola. Meu vizinho da fazenda, vinha a cavalo, deixava-o num piquete pastando e pegava o ônibus para ir estudar em Avaré. Os tempos mudaram e esse tipo de ajuda ficou impraticável, mas algumas poucas situações ainda são confiáveis. O mundo está mais acelerado e impaciente e ter atenção com outros, parece ser um desafio.

Minhas gentilezas são automáticas, frutos dos costumes desde a infância, mas estamos iniciando um tempo em que ninguém mais se importa com o outro. É como se a cortesia e a amabilidade fossem moedas raras em meio a uma economia de egoísmo e pressa. As vezes queremos ajudar alguém, mas na correria do dia a dia, não conseguimos.

Cortesias, ajudas verdadeiras e tantas boas coisas que andam meio perdidas por aí. As pessoas só querem olhar para si mesmas e se envolver com suas atividades. Ser amável é uma arte sutil, que exige sensibilidade e disponibilidade de tempo. No entanto, muitas vezes nos vemos, pois, estamos tão absorvidos por nossas próprias preocupações que deixamos passar despercebidas as oportunidades de tornar o mundo um lugar um pouco mais amável. Ser gentil é difícil no atribulado mundo nervoso. Qual é o nervoso que consegue ser amável? Ficamos imersos em nossos pensamentos, e não percebemos as necessidades dos outros. Muitas vezes fechamos os olhos para o que ocorre ao nosso redor e vestimos uma armadura de insensibilidade.

O mundo só será melhor quando todos forem capazes de generosidade e doação. Ser cortês, requer que doemos nosso tempo para algo ou alguém. Mesmo que nesses novos tempos pareça estranho se doar, só assim o mundo poderá ser melhor e a humanidade se conectar através do amor. Apesar de existirem pessoas meio estranhas, sempre que puder, estendo a mão, numa ajuda ou caroninha.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE