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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
No famoso quadro humorístico “Escolinha do Professor Raimundo”, o aluno Aldemar Vigário, atribuía o protagonismo dos mais variados momentos históricos e o pioneirismo de todas as invenções ao seu professor.
Primeiro, demonstrava que conhecia quem seria o personagem a quem se titula, oficialmente, o feito. Na sequência, conclamava a classe a perguntar quem foi o “verdadeiro” autor da façanha: _Quem? Quem? Raimundo Nonato!
Na vida real, se o herói estiver vinculado ao “terceiro mundo”, comumente é “apagado” da história “oficial”.
Que o digam os brasileiros Santos Dumont aos irmãos Wright, Roberto Landell de Moura (pioneiro em transmissões radiofônicas) ao Marconi, João Francisco de Azevedo (máquina de escrever) ao Christofer Sholes e à empresa Remington.
E a lista se alonga, mas, por estarmos próximos ao Dia Nacional da Fotografia, darei destaque a uma grande injustiça cometida neste ramo das artes.
Os países ricos atribuem a invenção do “daguerreótipo”, a Louis Daguerre, que em 1839, apresentou o primeiro processo fotográfico que permitiu que imagens fossem registradas de forma duradoura.
Mas, sabem quem foi o VERDADEIRO inventor da fotografia? Antoine Hércule Romuald Florence!
Nascido na França, aos 20 anos, migrou para o Brasil (1824), onde foi boticário, artista (desenhista, ilustrador, pintor), gráfico, fazendeiro, comerciante, professor, fundador do primeiro jornal do interior de SP e inventor. Morou por 50 dos seus 75 anos de vida na nossa vizinha, Campinas.
Foi ilustrador científico na lendária Expedição Langsdorff, uma aventura de 13 mil km pelo interior do país onde produziu inúmeros desenhos, registrando a população indígena, as terras, rios, fauna e flora.
Já nesta ocasião inventou a técnica da zoofonia: inexistindo gravador, transcrevia os sons dos animais em pautas musicais e iniciou os experimentos do que ele chamou de “photographie"!
Foi em 1833, em Campinas, que aperfeiçoou a fixação duradoura da imagem utilizando amônia, fotografando e reproduzindo em escala os rótulos dos frascos de sua botica. Ou seja, a primeira fotografia da história é brasileira!
Karl Von Engler, um médico austríaco radicado em Indaiatuba, assim descreve a ocasião em que amigos franceses contaram, justo ao Florence, uma “novidade” européia:
“Fiquem sabendo que Daguerre, na França, acaba de descobrir o modo de fixar a imagem sobre chapa de aço polido! Não é formidável? [...] Olhei para o Florence que, muito pálido, parecia prestes a desfalecer [...] Hércules Florence, ao constatar que o seu silêncio fora a causa da perda de uma glória que deveria ser sua, não suportou o impacto. Teve uma síncope, e se eu não o amparasse, teria batido com a cabeça no chão [...]
Pela modéstia, o Brasil deixou de ser o berço de uma das mais notáveis invenções”.
A história “oficial” é uma câmera caprichosa: foca sempre nos mesmos rostos conhecidos e apaga aqueles que realmente clicaram primeiro…
Mas, a verdade é teimosa e, vez ou outra, reaparece como uma foto antiga esquecida na gaveta. Quem foi o inventor da fotografia? Quem? Quem? Raimundo Nonato! Ops, quero dizer... Hercule Florence!