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Jornalista, pós-graduado em Marketing. MBA em Comunicação e Mídia, e MBA em Empreendedorismo e Inovação.
A câmera de segurança foca em um muro verde com um pequeno portão de ferro branco. Depois de alguns segundos, um homem de camiseta verde surge lançando uma caixa de papelão retangular por sobre o muro, fazendo o conteúdo da encomenda cair gravemente no chão.
Dentro daquela caixa havia uma smart TV de cerca de mil reais, que o cliente adquiriu pagando ainda outros 31 reais pela entrega do aparelho em sua residência. Esse caso demonstra como a saúde mental de quem ocupa a função de entregador de apps pode ser afetada.
Nos últimos anos, o aumento significativo no uso de aplicativos de entrega tem transformado a maneira como as pessoas consomem produtos e serviços. No entanto, por trás da conveniência proporcionada por essas plataformas, existe uma realidade muitas vezes negligenciada: as longas e exaustivas jornadas de trabalho enfrentadas pelos entregadores, e os riscos que enfrentam ao exercer essa profissão.
Esses profissionais autônomos, responsáveis por garantir a entrega rápida de alimentos, bebidas, compras de supermercado e outros itens, frequentemente enfrentam jornadas de trabalho extenuantes em busca de ganhos financeiros. Muitos deles trabalham horas a fio, enfrentando condições climáticas adversas, trânsito caótico nas metrópoles e pressão constante para atender às demandas dos clientes e cumprir metas estabelecidas pelas plataformas.
A despeito de não possuírem chefes imediatos, esse tipo de função está longe de ser identificada como empreendedorismo, apesar das propagandas e do marketing estabelecido pelas empresas que sugerem ao trabalhador informal que ele só depende dele mesmo, que ele faz a quantidade de dinheiro que quiser por dia, na famosa falácia da meritocracia.
Infelizmente, essa rotina desgastante dos entregadores de aplicativos traz consigo uma série de riscos à saúde, tanto física quanto mental. A exposição prolongada a jornadas de trabalho estressantes e imprevisíveis pode levar a uma série de problemas de saúde, entre eles, lesões musculoesqueléticas; distúrbios do sono; estresse; ansiedade; fadiga crônica; e problemas gastrointestinais.
Além disso, a natureza informal do trabalho de entregador também apresenta desvantagens significativas. Ao trabalhar sem carteira assinada no Brasil, esses profissionais perdem acesso a benefícios trabalhistas essenciais, como seguro saúde, férias remuneradas, licença médica e contribuições para a aposentadoria. Isso os deixa em uma posição vulnerável, sujeitos a dificuldades financeiras em caso de doença, lesão ou imprevistos.
No próximo episódio da HE, vamos argumentar como a profissão de entregador de app pode trazer riscos à integridade física dos trabalhadores. Vamos mostrar ainda exemplos recentes de situações arriscadas e realidades imprevistas a que esses entregadores estão expostos diariamente.