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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
Ainda que o calendário gregoriano/comercial sirva de parâmetro comum em todo o mundo, cada cultura se reserva o direito de manter vivo os seus próprios e tradicionais meios de medir a passagem do tempo.
Assim como no Brasil, “o ano só começa depois do Carnaval” (brincadeira, pessoal!) também na China, onde, faz poucos dias, iniciou o ano novo, regido por um de seus símbolos mais fascinantes: o Dragão!
Diz a lenda que Buda convidou todos os animais para comemorar a passagem de ano, tendo comparecido só doze: além do regente de 2024, também o Rato, o Boi, o Tigre, o Coelho, a Serpente, o Cavalo, a Cabra, o Macaco, o Galo, o Cão e o Porco. Em agradecimento pela presença, a divindade concedeu a cada um a governança de um ano, sucessivamente, por toda a eternidade.
Desta forma, o animal regente dita as tendências dos acontecimentos de seu período e quem nasce sob seu signo, herda suas qualidades, bem como seus “defeitos”.
Ora, onze deles encontramos na natureza e temos uma razoável ideia de como eles se comportam, enquanto que o décimo-segundo, o Dragão, por não existir, abre um infinito leque de possibilidades para nossa imaginação!
Trata-se de um símbolo tão arraigado no inconsciente coletivo que, praticamente, todas as civilizações têm sua versão do réptil alado!
Até mesmo a mitologia Tupi-Guarani nos brinda com a Boiarara, uma poderosa cobra alada, do elemento fogo, muito semelhante ao Quetzalcoatl, dos Astecas.
Via de regra, mesmo entre povos distantes geograficamente, as características de cada ser lendário, suas histórias e atributos são idênticos, fenômeno este profundamente estudado pelo psicanalista Carl Jung e trazido ao grande público pelos documentários do mitologista Joseph Campbell.
Uma exceção é justamente o Dragão: enquanto sua versão oriental é heróica, mágica, poderosa, justa, um verdadeiro mestre, a sua contrapartida ocidental é quase oposta!
Nas lendas européias, o réptil alado vive infernizando aldeias e castelos, colecionando tesouros, raptando principescas donzelas, dentre outras vilanias!
Por essas gritantes diferenças, um simboliza a sabedoria, enquanto o outro, que vive acumulando tudo sem nem se dar conta que não pode consumir, tornou-se sinônimo da avareza!
Ilustração: