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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
E se a Liberdade tivesse a pele pintada com grafismos tribais? E se, em vez de erguer uma bandeira entre escombros europeus, ela cruzasse florestas tropicais, vivas em canto, em cor, em resistência?
Foi com essas perguntas em mente — e pincel em mãos — que criei a obra “Liberté, Égalité et Indigène” (Liberdade, Igualdade e Indigenidade), para a MITC – Mostra Internacional Totem das Cores, considerada o maior evento do mundo sobre arte naïf (pinturas com simplicidade e alma popular), que ocorrerá de setembro a novembro no Museu de Socorro (SP), presta homenagem às relações culturais entre França e Brasil, em nome da democracia, do meio ambiente e da diversidade. Três pilares que, como totens, sustentam não apenas a arte, mas a própria ideia de civilização.
Nesta obra, proponho uma releitura tropical de A Liberdade Guiando o Povo, do grande Delacroix. No lugar da deusa da justiça (a Marianne revolucionária), surge uma mulher indígena brasileira, com a pele pintada em grafismos tribais — signos de pertencimento e identidade. Ela não carrega armas: conduz um povo múltiplo por entre árvores centenárias, uma onça, um tucano, uma arara. Ali, a natureza não é cenário: é personagem.
A pintura propõe um entrelaçamento entre o ideal iluminista francês — Liberdade, Igualdade e Fraternidade — e a essência brasileira, marcada pela ancestralidade indígena, pela biodiversidade e pela resistência cultural. Uma miscigenação simbólica e visual que ressignifica o lema europeu à luz das nossas cores, formas e urgências.
Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, lembro que nem toda liberdade nasce de uma revolução armada. Algumas brotam devagar, como raiz. Crescem como cipó, discretas, firmes, sustentando florestas e futuros. Homenageio, assim, a permanência indígena, sua reinvenção cotidiana diante de séculos de apagamentos.
Ao expor essa obra na MITC, junto a tantos outros artistas que partilham da estética naïf e da paixão pela arte que comunica, compartilho também um desejo: que o mundo possa ver, sentir e compreender a beleza e a urgência de uma liberdade que nasce do chão. Que pinta a pele. Que canta em tupi. Que dança com o vento!
Entre os ideais franceses e a brasilidade que nos atravessa, há um ponto de encontro possível — e necessário. Uma Liberdade de rosto indígena, uma Igualdade que respeita as diferenças e uma Fraternidade que se expressa no cuidado mútuo entre pessoas, florestas e culturas.
Porque, às vezes, a revolução não está no grito. Está na natureza, na pele, na marcha silenciosa que nunca parou!
Convido os leitores para conhecer este obra e muitas mais, que fazem parte da Exposição Cores da Terra, Formas da Alma: A Expressão Indígena em Serra Negra, que se inicia em 19 de abril de 2025, Dia Dos Povos Indígenas
Também homenageando a causa indigenista, no mesmo dia inicia a exibição de cinema: Curta a Serra: Olhares Indígenas Sobre Nossa Terra, com a apresentação dos curtas-metragens "Iara - Guardiã de Nossas Águas", "Cid Serra Negra - 100 Anos Do Artista Que Levou o Saci Para A Igreja" e o longa antropofágico tupunambá "Como Era Gostoso O Meu Francês".
Estes eventos contam com o amparo da Lei Aldir Blanc que contemplou as seguintes propostas culturais em Serra Negra/SP:
Projeto Serra Negra: Um Passeio pelas Cores do Mundo
Projeto Do Rural Ao Urbano - A Diversidade Das Artes De Serra Negra
Projeto Serra Negra no Cinema: A Iara e o Saci Circulam Pelos Campos
Maiores informações - Whatsapp: https://wa.me/5511982946468