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Nestor Leme é um historiador dedicado à preservação da história de Serra Negra. Além de ser o proprietário de um valioso acervo online, repleto de informações e fotografias históricas da cidade, ele também desempenha um papel crucial como colaborador no livro 'Capelas Rurais de Serra Negra – História e Fé'.
Tenho a certeza de que poucos serranos sabem onde é o Bairro dos Cunhas. E por que isto acontece? Acontece porque no Bairro dos Cunhas atual, foram abertos vários loteamentos, onde colocaram os nomes de vilas ao gosto de quem projetou o loteamento. Assim, os moradores do Campo do Sete, Vila Áurea, Jardim Yara e outras vilas, desconhecem que moram no Bairro dos Cunhas. E a curiosidade sobre este bairro é que ninguém sabe como ele recebeu este nome, porque segundo antigos moradores, não se tem conhecimento que nenhum membro da família Cunha tenha morado por lá. E suas divisas, de acordo com o mapa de nosso município, começam já do lado esquerdo da Rua dos Expedicionários – hoje considerada como parte do centro da cidade – e continuam na Rua 14 de Julho, com o Bairro dos Francos, sendo que a Rodovia Municipal Amatis Franchi, separa o Bairro dos Cunhas, das Três Barras e a estrada que leva ao Alto da Serra é a divisa com o Barrocão.
O Bairro dos Cunhas, pela excelência de suas terras agricultáveis, foi um dos primeiros a ser ocupado pelos pioneiros que chegaram nas terras serranas. E foi num terreno onde hoje existe a Av. Laudo Natel, que José Antônio de Camargo erigiu a capela primitiva em honra a Nossa Senhora do Rosário, onde se originou a fundação de nossa cidade. Tudo isto, registrado nos livros oficiais que contam nossa história, tornando assim, o Bairro dos Cunhas, o verdadeiro berço da fundação de Serra Negra – e não as Três Barras, como querem alguns.
No início da história do Bairro dos Cunhas, este foi ocupado pelos antigos serranos, mas no passar do tempo, ali se estabeleceram importantes famílias de imigrantes italianos, sendo que, até hoje, existem sítios que sobreviveram a expansão imobiliária que Serra Negra teve, que ainda pertencem a descendentes destes imigrantes. Ali, ainda moram representantes da família Marchi, uma das maiores; Schiavos, Invernizis, Polidoros, Carusos, Fossatos, Turinis, Lonas, Luglis, e outras que se dedicaram a cultura do café, formando as melhores roças da rubiácea de nosso município, roças que perduram até hoje, nas terras altas do Bairro dos Cunhas.
E como é este bairro nos dias atuais? Poucos sabem, mas a região da cidade conhecida como Campo do Sete, pertence ao Bairro dos Cunhas, e tem este nome porque na década de 1940, esportistas serranos fundaram um time de futebol chamado “Sete de Setembro F. C.”, cujo campo de jogo e de treinos, era exatamente ali. Por isso, hoje, a região é conhecida como Campo do Sete.
Outro lugar também pertencente ao mesmo bairro é o Jardim Yara, loteado na antiga chácara da família Lugli e também a Vila Áurea, onde moradores erigiram a importante capela de São Lucas, vila que recebeu este nome em homenagem a Dona Áurea de Oliveira Salomão, esposa de José Pedro Salomão, antigo proprietário daquelas terras.
Além da nova capela de São Lucas, o Bairro dos Cunhas abriga mais duas capelas ativas, a de Santa Luzia e a de Nossa Senhora do Rosário da Pompeia, de dizem ficar no Bairro do Barrocão, mas que na verdade está longe da divisa deste bairro. Hoje, na região baixa do Bairro dos Cunhas, Laudo Natel e Campo do Sete, funcionam vários bares e restaurantes, que começaram com as lanchonetes Aki Lanches, O Gordo e o Magro, e Sub Solo, todas pioneiras, hoje desaparecidas, mas que tornaram a região o ponto de reunião de turistas e de serranos nas noites, e principalmente nos finais de semana...