Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

Democracia: Presente de Grego

Neste artigo para o Jornal O Serrano, Henrique Vieira Filho conta do início da democracia, na Grécia antiga e, em tom bem humorado, cria personagens fictícios e suas inusitadas campanhas como candidatos na antiguidade.

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Democracia: Presente de Grego
Ilustração: Henrique Vieira Filho

Nos tempos antigos, os governantes assim se mantinham pela força, seja ela física ou “espiritual” (famílias “eleitas pelos deuses”, daí o cargo passar de pai para filhos).

No ocidente, a democracia (“demos” = "povo" ou "multidão" e “kratos” = "poder" ou "governo") teve início na Grécia. 

As primeiras experiências nesse contexto remontam ao século VI a.C.: poderiam votar os cidadãos homens, livres e maiores de idade (mulheres, escravos e estrangeiros estavam excluídos do processo político…).

Como será que eram as campanhas eleitorais? Fico aqui imaginando alguns personagens!

  Hipócrates prometeu que, se eleito, implantará o SUS - Sangria, Unguento e Sangue-Sugas para todos!

  De carona nesta candidatura, veio o “Hermes da Biga”, que conduzia os doentes até a Asclepiéia (hospital) em troca de votos e ainda, de brinde, entregava poções que ele, digamos assim, “encontrava” na “Farmakeia” pública, além de prometer “furar a fila” da sangria!

Questionado pelos arautos se isso era verdade, Hipócrates chamou de hipócrita o seu concorrente! 

Também na disputa, temos Platónicles, o candidato filósofo, que discursava em longas sessões sobre a verdadeira natureza de todas as coisas. Jurava que isso resolveria todos os problemas da “pólis” e que, se não der certo, a culpa é das aristocracias e dos “almofadinhas” da Ágora (praça central grega, o coração da vida política, social e comercial).

Não podemos esquecer do guerreiro populista, Kratos Brucutu! Seus lemas eram simples: “Eu resolvo na espada!”; “Zeus em primeiro lugar!”.

E, como sempre, uma “chuva” de candidatos que prometem de tudo: 

Mais estádios para as Olimpíadas! 

“Bolsa Baco”: todo cidadão terá direito a uma ânfora de vinho por mês! 

“Fifo - Fundo de Financiamento Filosófico”: a “polis” pagará seus estudos na Academia (cobrando, depois, com juros, é claro).

Tanto o Oráculo de Delphos, quanto as pesquisas do CICLÓPE - Centro Institucional da Clio (musa grega da história) de Opinião Pública e Estatística apontavam um empate técnico entre os candidatos!

Como o voto não era secreto, o dia da eleição terminou em pancadaria filosófica para todos os lados!

E os monarquistas, agora em minoria, aproveitaram para disseminar “fake news” que, a “democracia” era, mesmo, um “presente de grego”: um monte de candidatos “cavalos-de-Tróia”!

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