Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

Chantecler: O Galo que Despertou a Arte

Em meio às cores vibrantes da exposição 'Cores da Nossa Terra', ao ritmo da dança urbana que ecoava pela natureza ancestral, e ao canto encantador da Sereia Luthien, um visitante inesperado parecia observar tudo com curiosidade. Não era um dos artistas renomados como Henrique Vieira Filho ou a ativista indígena Kena Marubo, mas sim um galo, um legítimo 'Chantecler' imaginário, ecoando as fábulas francesas em plena Serra Negra, na celebração do primeiro aniversário da Residência Artística. Sua presença, ainda que silenciosa, tecia uma ponte inusitada entre a arte local e a rica simbologia cultural francesa, nos convidando a refletir sobre as diversas formas de celebração e expressão que florescem neste evento único. Publicado resumido no Jornal O SERRANO, Nº 6446 de 21/03/2025

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Chantecler: O Galo que Despertou a Arte
O Galo Chantecler - Ilustração: Henrique Vieira Filho

Ah, meus amigos leitores! Que alegria compartilhar com vocês as ressonâncias da nossa recente Celebração Re Arte, realizada na querida Residência Artística! Foi um verdadeiro turbilhão de cores, sons e encontros—uma efervescência cultural que tomou Serra Negra de assalto. Mas permitam-me iniciar esta crônica por um personagem inusitado que, sem aviso, abrilhantou ainda mais nossos dias festivos: um galo.

Sim, um galo! E não um qualquer. Ele surgiu como que por encanto, no meio do burburinho da nossa celebração de aniversário. Trazia consigo uma plumagem lustrosa, um porte altivo e um cantar... ah, um cantar que parecia ecoar as mais antigas histórias! Batizei-o sem hesitar: Chantecler. Podem rir, mas para mim, ali estava ele, em carne e osso, o próprio Chantecler das fábulas francesas.

Tivemos exposições vibrantes, como Cores da Nossa Terra, de Henrique Vieira Filho (eu, mesmo), explorando a fusão entre o pop e a natureza, além da instalação imersiva Eco-Contos, que exaltou a moda sustentável da designer de moda Goretti. Em meio a essa diversidade, eis que surge Chantecler!

Na literatura, o Chantecler medieval era conhecido pelo canto forte e imponente—seu nome, afinal, vem do francês chanter (cantar) e cler (alto, claro). E nosso Chantecler serrano não lhe ficava atrás! Seu cocoricó matinal logo se tornou a trilha sonora da Residência Artística, despertando os dias repletos de cinema, literatura, artesanato e tantas outras manifestações artísticas que deram vida à Celebração Re Arte.

Lembrei-me da fábula em que Renart, a raposa astuta, tenta enganar Chantecler. Felizmente, em Serra Negra, nenhuma raposa rondava (pelo menos, não que eu tenha notado!). Mas nosso galo tinha, sem dúvida, aquela imponência do personagem de Edmond Rostand, que acreditava que seu canto fazia o sol nascer. 

E que dizer do simbolismo desse galo? Vocês sabiam que o coq é um dos emblemas da França? Pois bem, nosso Chantecler, desfilando pelos jardins da Residência Artística, parecia carregar essa aura de representatividade. E que testemunha privilegiada ele foi! Assistiu ao encontro de culturas, à celebração da arte em suas múltiplas formas e à reflexão sobre a natureza—temas tão caros ao nosso evento.

Enquanto Kena Marubo compartilhava os saberes ancestrais de seu povo, enquanto a Sereia Luthien encantava com sua voz e sua mensagem ecológica, nosso Chantecler ciscava tranquilamente no gramado, indiferente à grandiosidade do momento, mas, de alguma forma, parte essencial dele. Ele viu as cores vibrantes das telas, ouviu os acordes que embalaram as tardes e, quem sabe, tenha até se interessado pelos bate-papos literários. Quem sabe, na próxima edição, o galo se junte a alguma apresentação musical?

E assim, meus caros leitores, guardamos com carinho as memórias desse evento que celebrou um ano da inauguração da sede da arte e cultura em Serra Negra. E, entre essas lembranças, fica a figura singular de Chantecler, o galo que surgiu do nada para nos lembrar que a magia e a beleza se revelam das formas mais inesperadas—até mesmo no canto matinal de um ilustre morador emplumado.

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