Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

A Morte e o Medo nas Tradições e nas Artes

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho escreve sobre o medo e a morte nas tradições de várias culturas, incluindo, as dos dias de Todos Os Santos e de Finados, frente à aculturação moderna do Halloween e as atrações de terror nas ficções do cinema e demais artes. Publicado resumido no Jornal O SERRANO, Nº 6329, de 04/11/2022

Compartilhe:
A Morte e o Medo nas Tradições e nas Artes
Artwork CATrina – Artist Henrique Vieira Filho

Enquanto algumas culturas festejam (México) e outras homenageiam (Japão), o Brasil herdou tradições que cultuam o sofrimento sobre a importante pauta que é a MORTE.

 Nos Dia de Todos Os Santos, as orações são para os falecidos já com o céu garantido, enquanto que, no Dia de Finados, as rezas são para os que se foram, mas que ainda têm que purgar alguns pecados.

  Para a atual juventude, o mais interessante é que é época do Halloween!

 As Artes expressam e transmitem sentimentos universais, por isso, é natural que a representação da mortalidade seja recorrente na pintura, literatura, teatro, cinema, enfim, todos os gêneros, possibilitando a cada observador a oportunidade de catarse emocional.

 Especialmente no cinema, existe um público cativo para histórias de terror e morte.

  O medo é emoção primordial e fundamental na evolução humana, pois nos auxilia a evitar as situações de risco e a sobreviver.

 Esta alternância entre adrenalina e endorfina possui um efeito “viciante”. Tal exercício de estressar/relaxar gera uma lembrança positiva, em especial quando se tem consciência de que o perigo é fictício, como o que ocorre nos filmes de terror.

 Do ponto de vista psicanalítico (meu preferido…) há outras formas de explicar esta atração.

 Demônios e monstros podem ser espelhos de aspectos reprimidos e negados de nossa mente, daí serem tão assustadores. 

 Enfrentá-los na ficção funciona como um exercício de aceitação da “sombra” (nosso lado negado, pouco consciente) e as catarses emocionais ocasionadas pelas histórias de terror atuam como uma válvula que alivia a pressão interior.

 A ficção é influenciada por cada período, na criação de seus “monstros”. 

 Por exemplo, na época da “guerra fria”, os terrores eram radioativos, com criaturas geradas pelas sequelas de bombas atômicas. 

 Em anos mais recentes, a preocupação ecológica inspira histórias sobre a “vingança” da natureza, com filmes sobre tsunamis, terremotos, vírus mortais…

 É bem provável que a xenofobia dos dias atuais faça ressurgir a ficção de alienígenas invasores…

 São diferentes símbolos de medo, em conformidade com cada período de tempo e região, mas que espelham os mesmos padrões universais e atemporais. 

 Pessoalmente, exorcizo meus pânicos por meio da pintura, retratando figuras originalmente assustadoras com beleza e humor.

 Seja por meio da religiosidade ou da arte, o importante é conseguir meios de lidar com nossos temores para vivermos bem!

 Afinal, como diz Woody Allen: “Não é que eu tenha medo de morrer. É que eu não quero estar lá na hora que isso acontecer”. 

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE