Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

A Caneca Da Cerveja Infinita

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho escreve sobre as lendas e curiosidades das deusas e deuses (inclusive, indígena brasileiro) criadores da cerveja nas mais variadas culturas.  Publicado originalmente no Jornal O SERRANO, Nº 6326, de 14/10/2022

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A Caneca Da Cerveja Infinita
Deusa Waresa: Criadora da Cerveja Arte: Henrique Vieira Filho

Hoje (14/10/2022) começa a SERRA BEER FEST o que me lembra algumas curiosidades sobre este líquido tão popular.

Meu pai, o serrano Henrique Vieira, fazia auditoria contábil para grandes cervejarias, o que o levou a colecionar canecas comemorativas, todas muito bonitas, mas não se comparam à da “cerveja infinita”, fornecida pelo deus nórdico Aegir e muito apreciada por Thor, pois enchia magicamente sempre que ele a esvaziava.

Os antigos galeses chamavam a fermentada de “cerevisia”, em homenagem a Ceres (deusa das colheitas), influenciando a versão em latim, “cervesia”, fonte na qual a língua portuguesa bebeu e, muitos e muitos copos depois, alguns encurtam para “cerva” (a fêmea do veado) ou, se a vaca for para o brejo, de “breja”.

Na mitologia grega-romana, Sileno é o deus da embriaguez e criador da cerveja, título também disputado por vários de seus colegas: o egípcio Osíris, o asteca Tepoztecatl, o eslavo Radegast e o brasileiríssimo Sumé, que sabe tudo sobre fermentação.

Nos antigos comerciais televisivos, a beleza das mulheres era associada à cerveja, mas, o sagrado feminino possui raízes milenares sobre a bebida: na Suméria, a deusa Ninkasi é quem apaziguava o coração da humanidade, nem que fosse na base do referido líquido, enquanto que, na África, Mbaba Mwana Waresa fazia chuva, arco-íris e fermentados.

Em parte, convicção, em outra, conveniência, os antigos tupinambás argumentavam que a Cauim (cerveja indígena) devia o sabor à saliva das mulheres (a dos homens deixa gosto ruim), cuja mastigação é essencial a desencadear o processo de fermentação da mandioca ou do milho, muitas vezes associadas com suco de frutas.

E se alguém ficou chocado com o método, fiquem com o relato do missionário francês Jean de Léry, que registrou o preparo desta cerveja, no século 16:

"Para os que repudiam a ideia de beber o que outra pessoa mastigou, deixe-me lembrá-los de como nosso vinho é feito pelos camponeses, que amassam as uvas com os pés, às vezes usando botas; algo que pode ser menos agradável que a mastigação de mulheres americanas.”

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