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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
Guardo na memória um Carnaval em Serra Negra em que vivenciei um evento histórico: meu primeiro beijo!
Na verdade, foi quase um evento “pré-histórico”, pois foi no tempo onde as tampinhas de refrigerantes tinham película de cortiça por dentro, ao invés de plástico.
O passeio pela trilha do Parque Das Fontes (trajeto por cima das fontes São Carlos e Dos Italianos) teve uma pausa no mirante.
Este inusitado encontro entre uma garota carioca e um donzelo paulista quase foi “longe demais”, sendo contido pela chegada de outros casais também interessados em usufruir do discreto e conveniente espaço.
A relação se prolongou: mesmo cada qual de volta à sua cidade, as brasas ainda ardiam por meio de… cartas!
Tudo isso foi em “1900 e guaraná com rolha”, ou seja, sem internet e até mesmo ter um telefone (fixo, pois celulares só existiam na ficção “Jornada Nas Estrelas”) era raridade e nunca que um adolescente ousaria gastar dinheiro dos pais com uma ligação interurbana, pois custava os “olhos da cara”.
Assim sendo, os Correios foram o “meio de comunicação em massa” para renovar, semanalmente, mais beijos por escrito.
Depois de várias idas e vindas tendo o carteiro como cupido, aconteceu o que a garotada atual chama de “ghosting”: ela desapareceu de repente, como um fantasma, sem escrever por quase um mês.
Isso me levou a analisar melhor a situação: eu, ainda um menino; ela, já uma mulher, morando a centenas de quilômetros de distância e estava noiva (um “pequeno detalhe”).
Concluí que ela tão somente não sabia como terminar o relacionamento sem me magoar, razão pela qual, postei uma longa carta explicando que compreendia a situação, que tudo foi apenas um “romance de carnaval”, “sem importância” e que ela poderia seguir em paz com a vida.
Literalmente, no dia seguinte, chegou correspondência dela, com teor apaixonado! E, assim que ela recebeu e leu a que enviei, até me telefonou (a conta telefônica pode ter doído mais que as minhas palavras…), mas, era impossível desfazer o dito, ou pior, o escrito.
Sem querer, fui o involuntário precursor da insensível estratégia de “terminar namoro pelo Whatsapp”!