Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

115 Anos De Cinema Em Serra Negra

Neste artigo para o Jornal O Serrano, Henrique Vieira Filho conta a rica história do cinema em Serra Negra, desde os primeiros cinemas mudos até a produção de curtas-metragens contemporâneos que até concorrem em festivais internacionais! Uma viagem nostálgica e inspiradora pelo universo cinematográfico da cidade!

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115 Anos De Cinema Em Serra Negra
Cinema Itinerante da Sociedade Das Artes, na Residência Artística

As poltronas aveludadas, o cheiro de pipoca e a escuridão da sala. Quem nunca se emocionou com uma história contada no cinema?

Em dezembro de 1909, Serra Negra inaugurou o Joly Cinema e, não muito depois, tivemos o Cinema Central.

O livro “Alcebíades Disse (e a História Confirma)” nos conta que era a época do cinema mudo e as exibições contavam com uma verdadeira orquestra ao vivo para musicalizar os filmes e entreter nos intervalos.

A projeção era feita por trás da tela, que precisava ser molhada de tempos em tempos para manter a nitidez, função esta exercida pelo Castrim, figura folclórica da cidade, que também era encarregado de pintar os cartazes publicitários, como por exemplo: "Hoje grande cuceco (sic) no Cinema Central!”. Dizem que sua grafia “criativa” fazia mais “sucesso” (palavra que se deduz do cartaz…) que muitos filmes!

Com o passar dos anos, tivemos ainda o Cinema Recreio Serrano e o Cine Democrata e, em 1934, “matando” todos os cinemas mudos, inaugurou o Cine Teatro República, trazendo para a cidade os filmes sonorizados. Tivemos ainda o Cine Rádio. o Cine Cardeal e o cinema no Centro de Convenções. Todos estes empreendimentos encerraram suas atividades. 

Verdade seja dita, a decadência das grandes salas de cinema é um fenômeno global. A concorrência da televisão e, mais recentemente, da internet, com suas plataformas de streaming, é um fator inegável. A comodidade de assistir a filmes em casa, a qualquer hora, com uma variedade quase infinita de títulos, atraiu muitos espectadores.

Em uma época em que a tela do celular disputa a nossa atenção com a tela gigante do cinema, vale a pena refletir sobre a trajetória desse meio de entretenimento que marcou gerações.

Aqui, foram 115 anos de sonhos, emoções e histórias projetadas em uma tela no escuro. Será que o cinema, como conhecemos, ainda tem futuro?

Creio que uma alternativa viável é o meio-termo: os cines-clubes, como é o caso do Kanemo e o Cinema Itinerante, como o da Sociedade Das Artes e da Residência Artística conseguem manter a chama viva, com mostras de filmes selecionados.

Graças ao incentivo da Lei Paulo Gustavo, nossa cidade está produzindo vários documentários curtas e médias metragens, além de webséries. Modéstia à parte, dois que eu recém lancei (“Cid Serra Negra - 100 Anos do Artista Que Levou o Saci para a Igreja” e “Iara, Guardiã de Nossas Águas”) concorrem no Cannes Shorts Awards, um dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo!

Com tantos talentos surgindo e com a produção audiovisual local em constante crescimento, por que não sonharmos em ter um espaço dedicado a exibir essas obras? 

Um cinema que seja mais do que uma sala escura e sim, um ponto de encontro para cinéfilos, um local para celebrar a criatividade e a cultura da nossa cidade. 

O mundo está sempre em busca de novas histórias. E por que não as nossas? O futuro do cinema está nas mãos de quem sonha!

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