Fogueiras aquecem recifenses em noite chuvosa de festejos de São João.
Hoje (23), as ruas do Recife estão iluminadas à moda antiga: por toda a cidade, vizinhos e famílias se reúnem para acender a tradicional fogueira de São João.
Hoje (23), as ruas do Recife estão iluminadas à moda antiga: por toda a cidade, vizinhos e famílias se reúnem para acender a tradicional fogueira de São João. E nem a chuva que cai nesta noite conseguiu fazer com que os moradores desistissem de continuar o costume de gerações. ntre os imóveis. Como na Rua Conselheiro Teodoro, no bairro Zumbi, zona norte da capital pernambucana. De longe, é possível sentir o cheiro de madeira queimada. No asfalto, os carros que passavam dividiam espaço com mais de uma dezena de fogueiras queimando. O forró vinha de um carro parado à porta de um mercadinho.
A família do porteiro Leonardo Paulo de Melo, de 41 anos, até se vestiu a caráter, com apetrechos de matuto, tanto os adultos como as crianças. Todos os anos os vizinhos se juntam em torno da fogueira. Cada pessoa leva bebida e comida, e vai até “amanhecer o dia”, segundo Leonardo. “É o símbolo do São João. A fogueira, as bandeirinhas, o palhoção, o forró. É tudo de bom”.
As crianças ajudam a fazer o fogo. A diversão preferida é unânime entre o grupo de mais de 10 meninos e meninas: os fogos de artifício. Nessa matéria, todos são especialistas: “palitinho”, “bomba rojão, bomba raja”, “bomba navio”, “batom”, gritam as crianças, para explicar que tipos de fogos gostam de usar.
A tradição tem origem católica, mas a história religiosa já não está na memória da maioria dos moradores entrevistados. O que prolonga o costume é o ensinamento da brincadeira de pai e mãe para os filhos. O eletricista Jaime Mendes de Araújo, de 40 anos, tem dois adolescentes. Desde que eles eram pequenos, todo ano a família se reúne na calçada para ver a madeira queimar. “Já vem dos ancestrais. Meu avó, meu pai, e a gente continua”, conta
E com o costume se criam também superstições do período junino. A fogueira tem a sua própria lenda, como recorda Jaime: “dizem que se não acender, a pessoa morre”, diz. “A gente leva na brincadeira, mas por precaução tem que acender de todo jeito”, ri.
Madeira ilegal
O costume de São João pode gerar consequências negativas caso as famílias não se preocupem com a origem da madeira. Nessa época do ano, surgem casos de desmatamento ilegal com o objetivo de se fazer lenha para fogueiras, para comercialização. Nesta quarta-feira (21), por exemplo, quatro homens foram presos em flagrante em uma área do Gavoa Resort Flat, em Mangue Seco, município de Igarassu.
O grupo, que contava com o síndico do condomínio, devastava um trecho de Mata Atlântica quando foi abordado pela Polícia Militar. Foram encontrados dois caminhos já carregados de madeira nativa. Os homens admitiram que venderiam o material para confecção de fogueiras, de acordo com a corporação. A prática é crime ambiental.
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